Pais e Filhos
- Carla Paixão

- 18 de jan.
- 4 min de leitura
O tema que escolhi para conversarmos neste post é a guarda e a convivência com os filhos, e já vou dar "spoiler", terão momentos em que serei dura, se você é um pouco mais sensível, talvez fique um pouco chocada com o que vou escrever.
E já começo dizendo que registro, não traz amor, isso mesmo que leu, essa é uma verdade dura e difícil de engolir, mas é a verdade.
Já ouvi muitas mães dizendo que queriam que os pais fossem mais x, w, y, z para os filhos, que se sentem culpadas, só que veja, isso não ajuda ninguém, só sobrecarrega a você mesma e os próprios filhos com esses pensamentos, gerando mais estresse para todos.
Eu tenho uma máxima que sempre me acompanha nos atendimentos que tem três fases, a número 1 diz o seguinte, ninguém muda ninguém, é óbvio né? Mas ninguém aceita isso, você pode até entender, mas não aceita, fica lutando com isso e de que adianta?
Bom, a número 2 diz o seguinte: ninguém faz o que não quer, isso mesmo, você pode até não saber o que quer, mas o que não quer todo mundo sabe, seu corpo não te permite mentir e na hora do vamos ver de fazer algo, o que acontece? Você não faz, certo?
Então, essas duas complementam-se com a número 3: logo, não adianta você ficar frustrada, chateada, fula da vida por conta das duas anteriores, certo?
Ok, então tendo sido dito isso em questões de guarda e convivência com filhos menores, além do ideal que cada casal pensa a respeito de como tudo deve funcionar existem diretrizes legais.
Eu costumo dizer que existe de fato um ideal que é o casal se orientar enquanto pais e não só como ex-parceiros, é importante desenvolver uma visão madura, porque seres humanos em desenvolvimento estão contando com você.
Os filhos vão contar que ambos participem de suas vitórias e derrotas ao longo de suas vidas, agora a lei diz o seguinte que esse ideal é independente do relacionamento saudável ou não do casal que as crianças, isso mesmo as crianças, volte e leia de novo, contem com a ajuda material, emocional e psicológica dos pais para o seu crescimento.
A guarda compartilhada e a convivência são direitos das crianças, dos filhos e um dever dos pais, aliás se você não sabia, fique por dentro agora da realidade dos fatos, ser pai e mãe são acúmulos de obrigações, se não está disposto sugiro repensar a ideia.
Então entendam, a guarda compartilhada e a convivência em tempo dividido com pai e com mãe de forma harmoniosa é direito dos filhos, é feito para os filhos, por isso vou esclarecer alguns pontos.
Guarda compartilhada não é filho mochileiro, nem “bola de ping e pong”, ok? Guarda compartilhada é não confundir mais a convivência de um filho com visitação, ainda mais hoje em dia com a tecnologia na sua mão, você não pode ter a coragem de me dizer que não consegue 5 minutos do seu dia para responder um filho no whatsapp ou fazer uma video chamada com ele.
Saiba que esses institutos são sobre você compartilhar não com o seu ex as obrigações sobre os filhos, e sim sobre participar da vida do seu filho com ele ou ela ou eles e isso pode ser mágico se assim você quiser.
Vamos aos critérios, os filhos podem ter uma dinâmica dividida de casa em casa? Podem, já fiz acordo de divórcio em que a guarda e convivência foi possível ser feita com divisão quase que igualitária porque a dinâmica da família permitiu, os pais moravam fisicamente muito próximos, ou seja, o estilo de vida da família não sofreu muito com a reestruturação da rotina diária.
O mesmo pode acontecer com pais que têm uma dinâmica diferente? Pode. Já teve caso de pai que trabalhava embarcado e que passou inclusive a participar mais da vida dos filhos depois do divórcio, ou seja, depois que não estava mais sob o mesmo teto e os pais chegaram ao consenso de quando o pai desembarcava a preferência na agenda de convivência com os filhos era toda dele.
Esses dois exemplos mostram que dá pra fazer melhor, a consciência deve ser desenvolvida na direção dos filhos, o que é melhor para eles e não para você, essa é a realidade da parentalidade, ou seja, de ser pai e mãe, se não te contaram isso antes que bom que chegou até aqui neste post.
Importante exercitar no dia a dia a ideia que tem questões sobre o seu relacionamento passado que você vai ter que resolver sozinha, outras com ajuda de profissionais de terapia, tem tantas hoje em dia, é só escolher uma para chamar de sua.
O que não pode de forma alguma são os filhos serem usados como joguetes, nem serem esquecidos porque agora você decidiu reformular a sua vida e o que passou, passou, porque filho não vem com botão de delete.
Duro né? Mas é a mais pura verdade, um casal quando começa a discutir em divórcio desce a ladeira, é de mal a pior, porque esse é um comportamento humano, sentimos vergonha pelo que fizemos, mas não conseguimos nos desculpar, porque não queremos nos sentir diminuídos e então para provar que estava certo desde o início, vamos forçando os nossos limites e os dos outros, piorando e muito a situação.
Por isso, o atendimento em divórcio tem que ser muito bem estruturado e cuidar desses temas de guarda e convivência com o carinho que merecem, porque não é sobre você, é sobre seus filhos.
Vou concluir te dizendo que o divórcio põe fim a relação matrimonial, a partilha de bens põe fim a comunicação material do casal, só que a guarda e a convivência iniciam um novo ciclo de dinâmica familiar, esses institutos são direcionados a um novo ciclo e vocês decidem como será esse “era uma vez…”
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